Tinha esperado o dia inteiro por aquele momento. Abriu as meias novas, vestiu o vestido listrado com cuidado para não amassar. Calçou as sandálias de salto alto vermelho e ao olhar-se no espelho, pensou com carinho nos amigos que encontraria logo mais.
Demorou a fechar a porta da casa antiga que sempre enganchava. Depois de xingar Deus, o mundo e a situação financeira atual que não lhe possibilitava pagar um taxi, pôs-se a andar fazendo barulho.
Uma rua, duas, três... e já não aguentava mais. Não por estar andando. Estava e muito acostumada a gastar solas de sapato. No entanto, salto e principalmente salto alto não faziam parte de seu look cotidiano.
Deu mais alguns passos. Resolveu parar. Seu tornozelo estava em carne viva. Mais a frente viu uma placa. Esfregou os olhos como que para se certificar que não era miragem.
Farmácia. Foi o que lhe encheu os olhos. Juntou forças e mancando chegou ao oásis. Antes de conseguir pedir o band aid, um homem de jaqueta lhe atravessou e fez o pedido pela grade de segurança que protegia a porta.
O farmaceutico já entregava o pedido quando o homem perguntou se havia troco para vinte. A garota do band aid revirou os olhos de dor e assustou-se com a pergunta do farmaceutico:
- Ele deixou a moto ligada? Você viu a placa?
- Não... nem vi nada...
- Aquele rapaz tem assaltado toda a vinzinhança com esse golpe.Pede troco,pega e vai embora. Já fez isso comigo , mas agora não consegue mais me enganar. Gostaria de ter visto a placa da moto...
- Moço me dá um band aid
Ele prontamente pegou o curativo e prosseguiu a conversa sobre os assaltos enquanto ela colava o adesivo no tornozelo.
- E você cuidado viu?
- Tá.
Saiu com sua compra de quarenta centavos colada no pé continuando a mancar. Entre um toc toc e outro do salto pensou que ficaria muito feliz se o ladrão enjaquetado lhe levasse o maldito sapato.
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Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBolota, bombou !
ResponderExcluirnão!!! pera aew!!!! adoreiiiii
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