Havia dias que a menina queria sair da rotina e ver o mar.
Começou a planejar em casa com alguns parentes, chamou o namorado, juntaram os trapos e partiram em direção ao litoral. O caminho até o lugar em que iam ficar hospedados já mostrou logo de início as maravilhas que estavam reservadas para eles. Água-de-côco, sombra, rede, cervejinha, sol, protetor solar, mariscos...não havia nada melhor.
O dia de passeio começou logo cedo e foi aquele corre-corre típico de quem não quer perder um minuto. Cadê meu bíquine? Alguém viu minha toalha? Todo mundo já tomou café-da-manhã? Estão todos prontos? Enfim, tudo certo no carro, partiram..
Na praia, aquela alegria!
A menina tirou o short, a camiseta, os óculos escuros e, como se tivesse sido chamada por uma força mística, correu em direção à água, dando aquele mergulho gostoso. Era como se o mar pudesse lhe "lavar a alma". As energias ruins acumuladas ao longo do tempo, com atitudes e pensamentos pessimistas, eram levadas pelas àguas a cada onda.
Entre mergulhos e banhos de sol, lá veio aquele momento também esperado: "Chefia! Pode nos trazer uma cervejinha, catadinho siri e uma dúzia de lambretas?" As emoções da menina davam piruetas em seu corpo.
Só se sentia assim duas vezes ao ano, se não uma: quando ia à praia.
Quando o sol começou a ir embora, era a hora de todos se despedirem. Não adiantou choro, nem lamento. Deu a hora, tinham que ir.
Em casa, depois de um banho quente demorado, a menina jantou, escovou os dentes e foi se deitar. Em sua oração antes de dormir, apenas agradeceu por tudo.
No litoral não se sentia adulta. A criança não parecia ter crescido.
Era a pureza da lembrança de quando era menor? Era o mar? Era a felicidade sentida de uma maneira diferente de quando está longe dali? Não soube a resposta. Mas eu sei: ali, como todas às vezes, ela se permitiu viver.
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