quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Mais um na multidão

Conheci uma pessoa. Ou melhor, não conheci. Mas de qualquer forma, acho que isso não faz muita diferença no final das contas.
Estava esperando o ônibus de manhã assim como eu. Uma das poucas coisas boas de usar transporte coletivo, além de todo lenga lenga ambiental, é observar as pessoas. E devidamente protegida, é claro. Penso que uma das principais funções dos óculos escuros é exatamente essa: transportar você para uma espécie de "bolha" onde se pode observar a tudo e ainda se sentir invisível. Meio infantil, sei. Mas não deixa de ter um pouco de verdade.
Mas voltando ao caso... ônibus... óculos... o menino. Bem, lá estava ele com aquela cara de quem espera ônibus. A mesma daquela que todo mundo faz no elevador. Tipo "cara de paisagem" até aí nem tem nada demais. Na verdade, pensando agora, acho que o caso inteiro não tem nada demais. Só um menino com cara de paisagem que esperava o ônibus como todo mundo. Mas o que me chamou atenção nele foi o fato de achar que ele também tinha uma bolha. Só que ele tinha esquecido seu óculos em casa. Ou talvez tenha quebrado. Ou nem tenha. Sei lá. Só sei que eu estava invisível e ele não.
Pode ser que ele estivesse desejando meus óculos para ficar oculto na multidão também. Ou pode ser que eu esteja ficando doida, imaginando alguma relação entre um menino desconhecido, bolhas, óculos escuros, ônibus, ficar invisível, logo pela manhã. Ou não.
O que sei é que esses lugares com muitas pessoas fazem a gente divagar demais. Tenho que parar de tomar café e ficar com mais sono pela manhã.

Um comentário:

  1. Sua 'escritura da cegueira' é bacana. Mas, achei a narrativa truncada, faltando algo cronológico, que mostre uma 'narra-ação'...

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